MASSAPÊ, VELHO
MASSAPÊ!
A Grota da Caetana e a cacimba de
águas doce que a espelha...
O Poço do Beto, a pedra de lavar
roupas e o escorrega bunda.
A nossa velha casa de palha e telha,
E o pé de chapada com nossos
balanços, que saudade profunda!...
De estradinhas, brincava debaixo
dos seus galhos,
Ouvindo os jacus cantarem,
Lá distante, no Morro dos
carvalhos.
Em cima, ao anoitecer, via as
rolinhas se aninharem.
Perto das caieiras,”nos
barreiros”,
Via os porcos se lambuzarem...
O pé de eucalipto, a mangueira e
os cajueiros.
Distante, o Cavalo Brinquedo e o
Jumento Pequeno a relincharem...
Logo depois, “num capão de mato”,
Onde caçava passarinhos às
escondidas,
O cheiro da relva invadia o meu
olfato.
Em sua mediação, a Cerca de
Pedras, “Arte em pedras unidas”!
“As criações” presas no pequeno
chiqueiro.
O ronco do pilão açoitando...
As galinhas “trepadas no
poleiro”,
Os cachorros Rei das Selvas e o
Índio nas “capoeiras”, tatu, caçando.
A paisagem seca da Vargem da Cambraia,
Próxima à Grota D’água Fria.
O açude era a nossa praia!
O velho atoleiro, que no inverno,
na sua passagem, o povo sofria...
Lá dar para ver a Serra da Tabúa
florida de ipê.
O Morro das Caraíbas, o Sol
nascer.
É meu inesquecível Massapê!
Onde boa parte da minha vida, me
viu crescer.
MANUEL DA CRUZ RODRIGUES (O POETA LETRISTA).
SÃO PAULO, 15/03/1997.