quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

LENDAS DO PIAUÍ



Traços culturais do Estado do Piauí
16.12.2005
Bumba-meu-boi

Cultura popular conta a nossa história

Um Estado de riquezas singulares. Assim é o Piauí. Com uma natureza prodigiosa, cultura riquíssima e potencialidades exploradas e ainda a serem descobertas, o nosso Estado é um tesouro de valor indiscutível.
Na área cultural, temos o privilégio de contar com manifestações que vêm de todos os cantos do Estado. Do Bumba-Meu-Boi ao Reisado, do Cavalo Piancó ao Pagode de Amarante, tudo é beleza quando se fala nas apresentações artísticas mais típicas da nossa gente. O artesanato também é uma de nossas maiores fontes de riquezas.
O Bumba-meu-boi é o folguedo mais característico do Piauí, como de muitos Estados brasileiros. Hermilo Borba Filho, quando cita Pereira da Costa, é de opinião que este folguedo surgiu da colonização das terras do Piauí em fins do século XVIII, com as primeiras doações de sesmarias feitas pelo Governador do Pernambuco. A origem do Bumba-meu-boi seria, portanto, pernambucana, baseando-se na antiga modinha que diz:
O meu boi morreu
Que será do mim
Mando buscar outro maninha
Lá no Piauí

O certo é que o nosso Boi originou-se aqui mesmo no Nordeste, uma região colonizada através das fazendas de gado, onde o boi era o centro da sobrevivência local. E o Piauí é o estado onde esse relacionamento tornou-se mais íntimo. Daí a brincadeira do "Boi" estar revestida de tanta popularidade, de tanta pompa e colorido. O boi, para nós, não é apenas um animal importante como outro qualquer, mas está revestido de uma profunda significação mítica. Por outro lado, deve-se salientar que houve alguma ligação do nosso Bumba-meu-boi com outras brincadeiras relacionadas ao boi. Os insignes mestres folcloristas Rossini Tavares e Câmara Cascudo consideram, de curto modo, o caráter universal do bailado do Boi, estando o nosso relacionado, sobretudo, com algumas brincadeiras de boi originais da Franca e da Portugal.
O Bumba-meu-boi, entes de ser uma dança, é uma representação dramática, é uma farsa. Seu enredo expressa toda uma realidade sócio-econômica e seu conteúdo musical, rítmico, coreográfico e indumentário constitui a marca do encontro de culturas diversas, que aqui entre nós se completaram e se adaptaram ante uma realidade ecológica típica.
O Bumba-meu-boi conta a história da Catirina, mulher do Chico Vaqueiro, que, estando grávida, desejou comer a língua do boi mais bonito da fazenda. Catirina induz o marido a matar o boi. Chico chega e ferir ou a matar o boi. A notícia se espalha e o fazendeiro dono do boi procura o autor do crime. Chico é acusado. Vários doutores são chamados para curar o boi. Depois de muitas peripécias, onde há julgamento e perdão, termina tudo com muita festa e danças, comemorando a cura do boi. Na maioria das brincadeiras o boi chega a morrer e a ressuscitar.
Existem em Teresina vários grupos de boi, que têm em toda a cidade a chance de mostrar seu valor. Mas é no Encontro Nacional de Folguedos, promovido pela Fundação Estadual de Cultura, que existe a maior visibilidade hoje para seus trabalhos. A festa acontece anualmente no mês de julho. Entre os grupos da capital estão o "Riso da Mocidade", o "Imperador da Ilha", o "Terror do Nordeste", "Estrela Dalva", entre outros.
Além do Boi, o Reisado é outra representação autêntica de nossa cultura popular. A dramatização folclórica é praticada principalmente em Amarante, Floriano, Teresina, mas também encontrada em outros municípios. A festa é comemorada entre 25 de dezembro e 6 de janeiro, que é o Dia de Reis propriamente dito. Quem trouxe essa festa para o Brasil foram os portugueses, que reproduziam os costumes dos grupos janeireiros. Eles saíam às ruas pedindo que lhes abrissem as portas e recebessem a boa nova do nascimento de Cristo e homenageando os três reis magos.
São participantes do Reisado os "caretas", a "burrinha", o "pião", o "cabeça de fogo", a "cigana", "jaraquá", "caipora", "casal de velhos", "ema", "arara", "piaba" e o "boi".
Lendas:
O Piauí é um Estado rico em cultura popular. Um dos pontos mais fortes são as lendas. A imaginação do povo faz perpetuar histórias cheias de personagens interessantes. O Cabeça de Cuia é a mais famosa delas. Conta a história de um pescador chamado Crispim, que depois de um dia inteiro sem ter conseguido pescar um único peixe, morto de fome, ao chegar em casa a única refeição que lá encontrara foi uma espécie de caldo feito com o osso “corredor do boi”, mas que não tinha carne e só o caldo do osso. Revoltado pela situação, Crispim pegou o osso e começou a espancar a sua própria mãe! Bateu tanto que sua mãe veio a falecer. Mas antes do suspiro final, ela olhando pra Crispim lhe jogou uma maldição, na qual ele se transformaria em um monstro e viveria nas profundezas do rio Poti. Conta a lenda que o Cabeça de Cuia costuma aparecer aos pescadores, lavadeiras e banhistas em noites de lua cheia. Sua enorme cabeça surge e desaparece na superfície das águas. O encanto só terá fim quando ele conseguir devorar sete Marias virgens!
A porca do dente de ouro
Diz a lenda que uma moça travara uma briga sem cabimento com sua mãe, dando-lhe uma bruta dentada. Desde então, vivia trancada no quarto, só via sua mãe que lhe levava a comida. À meia-noite transformavava-se em porca e saia pelos subúrbios assombrando as pessoas por ser provida de uma tromba crescida e coberta de uma coisa brilhosa de onde saía uma ponta saliente como se fosse um monstruoso dente de ouro.
Pé de Garrafa
Conta a lenda que dois amigos estavam caçando no mato e um deles, após se perder do outro, começa a chama-lo, aos gritos. Uma voz longe começa a responder e ao se aproximar ele vê com espanto que não era o seu amigo e sim um terrível animal parecendo um lobisomem. Espantado, o rapaz só teve tempo de subir na árvore e o animal ficou furioso rosnando embaixo. De manhã, só ficou o rastro do bicho, como se fosse um fundo de garrafa. Desde então todos os caçadores que se perdem dos companheiros não gritam chamando os colegas, temendo a aparição do Pé de Garrafa.

Barba Ruiva
Diz a lenda que ao sul do estado, uma jovem teve uma criança e como não queria que ninguém soubesse, resolveu jogar a criança recém-nascida numa cacimba. As águas da cacimba foram aumentando imediatamente até ocupar toda a várzea de carnaubais, formando uma imensa lagoa. A criança se encantou, não cresceu mais, tornou-se velha com longas barbas avermelhadas. Aparece nas margens da lagoa tomando banho e ao se aproximar alguém, joga-se nas águas, fazendo muito barulho. Na lagoa em certa época do ano, formam-se ondas furiosas e o povo diz que é o Barba Ruiva enraivecido com a mãe. O encanto só quebrará quando a lagoa crescer e ocupar todo o povoado próximo.

Num-Se-Pode
Conta a lenda que uma bela mulher que atraia a atenção dos homens por ser bastante bonita, encostada próximo aos lampiões nas antigas praças de Teresina, que ao se aproximar dela, de uma hora pra outra ele se esticava assustadoramente até alcançar o lampião lá no alto e assim ascender o seu cigarro. Assustados todos corriam o quanto mais rápido podia!

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